quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cai, chuva. É noite. Uma pequena brisa.

em tempos em que a chuva não dá trégua, eu poderia cantar algum mantra sobre chuva, mas nada melhor que essa poesia de Fernando Pessoa.




Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa

Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa,

Substitui o calor.
P'ra ser feliz tanta coisa é precisa.
Este luzir é melhor.
O que é a vida? O espaço é alguém pra mim.

Sonhando sou eu só. A luzir, em quem não tem fim
E, sem querer, tem dó.
Extensa, leve, inútil passageira,
Ao roçar por mim traz
Uma ilusão de sonho, em cuja esteira.
A minha vida jaz.
Barco indelével pelo espaço da alma,

Luz da candeia além Da eterna ausência da ansiada calma,
Final do inútil bem.
Que, se quer, e, se veio, se desconhece
Que, se for, seria O tédio de o haver... E a chuva cresce
Na noite agora fria.









2 comentários:

Anônimo disse...

Belo poema... Ajuda a esquentar esse coração frio, que teimamos em criar...
A propósito, tem uns mantras legais, ué... kkkkkkkkkkk

nostodoslemos disse...

NADA TEMAS! Teu dia és tu, não morre
E a noite p´ra onde vais está em ti...

A tua vida é uma ideia tua
Tua morte seu contorno de escultura.

Não sabes fora do círculo que és
Todo o Universo, Deus, Vida, Morte
Pertence-te... É teu, és tu... Tua sorte
É um sonho teu, sombra tua a teus pés.

(Fernando Pessoa/Poesia-1902-1917)